terça-feira, 29 de março de 2011

Comuna de paris (1871) - Apresentação em power point

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2 ano: glossário do texto de apoio 1 bimestre

Glossário do texto: Para a Memória da Comuna



Lograr: conseguir

Precurssores: Que deram início.

Funesta: Que traz, que causa, que produz a morte.

Reacionária: pessoas ligadas ao sistema social decadente, contrários a mudanças revolucionárias.

Precedentes: que vem antes

Thiers: foi primeiro ministro sob o reinado de Luís Felipe Bonaparte e presidente da república francesa durante o período da comuna de Paris.

Avassalado: dominado por quem quer sua exploração.

Matiz: Cor política

Aniquilamento: destruição completa; reduzir a nada

Letras: título de promessa de pagamento emitido por sociedade de crédito mobiliário. Vence juros e correção monetária.

Vilanagem: quem não tem nobreza de sentimentos.

Tardaram: Demoraram

Emancipação: o múltiplo desenvolvimento das capacidades humanas, sobretudo, afim de possibilitar o entendimento básico dos processos sociais e tomadas de decisões políticas.


Acudir: Ir em auxílio ou em socorro

Intentos: propósitos

Desfraldar: Soltar ao vento

forças produtivas: são constituídas pelos meios de produção - capitais, terras, matérias-primas, ferramentas e equipamentos -, pelos métodos e técnicas de utilização e pelos trabalhadores.

Desafogo: Alívio, desembaraço.

entrincheirado: Agrupado sob forte proteção

soldo: Recompensa, retribuição, salário.

laico: Separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas.

suprimido: anulado, cancelado.

eloqüência: grande capacidade de convencimento.

bonapartistas: partidários de uma ideologia política, de origem francesa, inspirada na ação de Napoleão Bonaparte. Em sentido estrito, o bonapartismo visa colocar um membro da família de Napoleão no trono imperial da França. Em sentido amplo, os bonapartistas são partidários de um estado nacional autoritário, centralizado, liderado por um chefe fundador de dinastia. O sistema repousa sobre a fusão das elites e a adesão popular.

garbosos: elegantes, distintos.

desterrados: Que foi banido da pátria. Exilado.

sublevação: Rebelião, revolta

grunhidos: Grito que se assemelha ao do porco.

vanguarda: O que precede sua época por suas audácias.

granjeou: Conquistou.

padecimentos: sofrimentos

alentado: animado.


2 ano: texto de apoio 1 bimestre

Para a Memória da Comuna - V. I. Lenine - 1915 - Fonte: The Marxists Internet Archive


Passaram-se 40 anos desde que se proclamou a Comuna de Paris. Seguindo o costume, o proletariado francês honrou com comícios e manifestações a memória dos homens da revolução de 18 de Março de 1871. No final de Maio voltará a levar coroas de flores às tumbas dos comuneiros fuzilados durante a terrível "semana de Maio" e a jurar ante aquelas tumbas que lutará com firmeza até lograr o triunfo completo de suas idéias, até dar por cumprida a obra por eles legada.
Porque, pois, não só o proletariado francês, senão o de todo o mundo rende homenagem aos homens da Comuna como aos seus precurssores? Qual é a herança da Comuna?
A Comuna surgiu de maneira espontânea, ninguém a preparou de modo consciente e sistemático. A funesta guerra com a Alemanha, os sofrimentos do assédio, o desemprego operário e a ruína da pequena burguesia; a indignação das massas contra as classes superiores e as autoridades que demonstraram uma incapacidade absoluta; a surda efervescência no seio da classe operária, descontente de sua situação e ansiosa por um novo regime social; a composição reacionária da Assembléia Nacional, que fazia temer os destinos da República, foram as causas que concorreram com outras muitas para impulsionar a população parisiense para a revolução do 18 de Março, que pôs de improviso o poder nas mãos da Guarda Nacional, em mãos da classe operária e da pequena burguesia, que aderira aos operários.
Foi um acontecimento histórico sem precedentes. Até então, o poder tinha estado, em geral, nas mãos dos latifundiários e dos capitalistas, quer dizer, de seus mandatários, que constituíam o chamado governo. Depois da revolução de 18 de Março, quando o governo do senhor Thiers fugiu de Paris com as suas tropas, a sua polícia e os seus funcionários, o povo ficou dono da situação e o poder passou para as mãos do proletariado. Porém, na sociedade moderna, o proletariado, avassalado no econômico pelo capital, não pode dominar na política se não rompe as cadeias que o atam ao capital. Daí que o movimento da Comuna deveria adquirir inevitavelmente um matiz socialista, quer dizer, deveria tender ao aniquilamento do domínio da burguesia, da dominação do capital, à destruição das próprias bases do regime social contemporâneo. No seu início, tratou-se de um movimento heterogêneo e confuso ao extremo. A ele somaram-se também os patriotas com a esperança de que a Comuna renovasse a guerra contra os alemães e levasse a um desenlace venturoso. Apoiaram-na também os pequenos lojistas, em perigo de arruinamento se não se adiasse o pagamento das letras vencidas e dos aluguéis (adiamento que lhes era negado pelo governo, mas que a Comuna os concedeu). Por último, no começo, também simpatizaram em certo grau com ele os republicanos burgueses, temerosos de que a reacionária Assembléia Nacional (a vilanagem, os brutos latifundiários) restabelecesse a monarquia. Porém, o papel fundamental neste movimento foi desempenhado, naturalmente, pelos operários (sobretudo os artesãos parisienses), entre os quais se espalhara, nos últimos anos do Segundo Império da França, uma intensa propaganda socialista, estando muitos deles inclusive filiados à I Internacional (Associação Internacional dos Trabalhadores).
Unicamente os operários guardaram fidelidade à Comuna até o fim. Os republicanos burgueses e a pequena burguesia não tardaram em afastar-se dela: uns assustaram-se com o caráter revolucionário socialista do movimento, com o seu caráter proletário; outros afastaram-se dela quando viram que estava condenada a uma derrota inevitável. Unicamente os proletários franceses apoiáram a seu governo sem temor nem desmaio, só eles lutaram e morreram por ela, quer dizer, pela emancipação da classe operária, por um futuro melhor para todos os trabalhadores.
Abandonada pelos seus aliados de ontem e sem contar com nenhum apoio, a Comuna tinha de ser derrotada inevitavelmente. Toda a burguesia francesa, todos os latifundiários, especuladores da bolsa e fabricantes, todos os grandes e pequenos ladrões, todos os exploradores uníram-se contra ela. Com a ajuda de Bismarck (que pôs em liberdade 100.000 soldados franceses, prisioneiros dos alemães, para esmagar a Paris revolucionária), esta coligação burguesa logrou confrontar com o proletariado parisiense os camponeses atrasados e a pequena burguesia de províncias e cercar meia Paris com um anel de ferro (a outra metade fora cercada pelo exército alemão). Nalgumas cidades importantes de França (Marselha, Lion, Saint-Etienne, Dijon e outras), os operários também tentaram tomar o poder, proclamar a Comuna e acudir em auxílio a Paris, porém tais intentos logo fracassaram. E Paris, que fora o primeiro local a desfraldar a bandeira da insurreição proletária, ficou abandonada às suas próprias forças e condenada a uma morte certa.
Para que uma revolução social triunfe são necessárias, pelo menos, duas condições: um alto desenvolvimento das forças produtivas e um proletariado preparado para ela. Contudo, em 1871, não se deu nenhuma dessas condições. O capitalismo francês encontrava-se ainda pouco desenvolvido, a França era, então, fundamentalmente um país de pequena burguesia (artesãos, camponeses, lojistas etc.). Por outro lado, não existia um partido operário, a classe operária não tinha preparação nem passara por um largo treino e, na sua massa, sequer havia noção totalmente clara de quais eram seus objetivos nem como se poderia alcançá-los. Não havia uma organização política séria do proletariado, nem grandes sindicatos e cooperativas...
Entretanto, o que faltou principalmente à Comuna foi tempo, desafogo para perceber bem como iam as coisas e empreender a realização de seu programa. Apenas ela pôs mão à obra, o governo, entrincheirado em Versalhes e apoiado por toda a burguesia, desencadeou as hostilidades contra Paris. A Comuna teve de pensar, antes de tudo, na sua própria defesa. E até o final mesmo, que ocorreu na semana de 21 a 28 de maio, não houve tempo para pensar seriamente noutra coisa.
Por certo, apesar dessas condições tão desfavoráveis e da brevidade da sua existência, a Comuna teve tempo de aplicar algumas medidas que caracterizam bastante seu verdadeiro sentido e objetivo. Substituiu o exército permanente, instrumento cego em mãos das classes dominantes, pelo armamento de todo o povo; proclamou a separação da Igreja do Estado; suprimiu a subvenção ao culto (quer dizer, o soldo que o Estado pagava aos padres) e deu um caráter estritamente laico à instrução pública, com o que assentou um rude golpe aos soldados de batina. Pouco foi o tempo que deu para se fazer algo no terreno puramente social, porém esse pouco mostra com suficiente clareza o seu caráter de governo popular, de governo operário: foi suprimido o trabalho noturno nas tarefas; foi abolido o sistema das multas, consagrado pela lei com que se vitimava os operários; finalmente, foi promulgado o famoso decreto de entrega de todas as fábricas e oficinas abandonadas ou paralisadas pelos seus donos às cooperativas operárias com o fim de se retomar a produção. E para sublinhar, como se deixassemos, o seu caráter de governo autenticamente democrático, proletário, a Comuna dispôs que a remuneração de todos os funcionários administrativos e do governo não fosse superior ao salário normal de um operário, nem passasse em nenhum caso dos 6.000 francos anuais (menos de 200 rublos ao mês).
Todas essas medidas mostravam com farta eloqüência que a Comuna constituía uma ameaça de morte ao velho mundo, baseado no avassalamento e na exploração. Essa era a causa de porque a sociedade burguesa não poderia dormir tranqüila enquanto o Conselho de Paris ostentasse a bandeira vermelha do proletariado. E quando a força organizada do governo pode, afinal, dominar a força mal organizada da revolução, os generais bonapartistas, esses generais batidos pelos alemães e garbosos frente a seus compatriotas vencidos, os Rennen-kampf e Méller-Zakomelski franceses fizeram uma matança como jamais se vira em Paris. Cerca de 30.000 parisienses foram mortos pela soldadesca enfurecida; uns 45.000 fôram detidos, executados logo muitos e desterrados ou enviados a trabalhos forçados milhares deles. No total, Paris perdeu 100.000 filhos, entre os quais se encontravam os melhores operários de todos os ofícios. A burguesia estava satisfeita. "Agora, acabou-se com o socialismo, por muito tempo!", dizia o seu sanguinário chefe, o diminuto Thiers, quando ele e seus generais afogaram em sangue a sublevação do proletariado de Pais. Mas de nada servíram os grunhidos desses corvos burgueses. Não passariam ainda seis anos da derrocada da Comuna, ainda se achavam muitos dos seus lutadores em presídio ou no exílio, quando em França se iniciou um novo movimento operário. A nova geração socialista, enriquecida com a experiência dos seus predecessores e em absoluto desencorajada pela derrota que sofreram, recolheu a bandeira caída das mãos dos combatentes da Comuna e levou-na adiante com firmeza e valentia ao grito de "Viva a Revolução social! Viva a Comuna!". E três ou quatro anos mais tarde, um novo partido operário e a agitação levantada por este no país obrigaram as classes dominantes a pôr em liberdade os comuneiros que o governo ainda mantinha presos.
Honram a memória dos combatentes da Comuna não só os operários franceses, senão também o proletariado de todo o mundo, pois aquela não lutou por um objetivo local ou nacional estreito, senão pela emancipação de toda a humanidade trabalhadora, de todos os humilhados e ofendidos. Como combatente de vanguarda da revolução social, a Comuna granjeou a simpatia onde quer que sofra e lute o proletariado. O quadro da sua vida e da sua morte, o exemplo de um governo operário que conquistou e reteve nas suas mãos durante mais de dois meses a capital do mundo e o espetáculo da heróica luta do proletariado e os seus padecimentos depois da derrota, tem levantado a moral de milhões de operários, tem alentado as suas esperanças e tem ganho as suas simpatias para o socialismo. O toar dos canhões de Paris despertou de seu profundo sono as camadas mais atrasadas do proletariado e deu em todas as partes um impulso à propaganda socialista revolucionária. Por isso não morreu a causa da Comuna, por isso segue vivendo até hoje em dia em cada um de nós.
A causa da Comuna é a causa da revolução social, é a causa da completa emancipação política e econômica dos trabalhadores, é a causa do proletariado Mundial. E neste sentido é imortal. 

1 ano: texto de apoio 2 bimestre

“Que espécie de moral nos pregam hoje? Temos, em primeiro lugar, a moral cristã-feudal, que nos legaram os velhos tempos da fé e que se divide, fundamentalmente, numa moral católica e numa moral protestante, com toda uma série de variações e subdivisões que vão desde a moral católica dos jesuítas e a moral ortodoxa dos protestantes, até uma moral de certo modo liberal e tolerante. E, ao lado dessas, temos a moderna moral burguesa e, ao lado da moral burguesa moderna, a moral proletária do futuro. Portanto, somente nos países mais cultos da Europa, nos defrontamos com três grupos de teorias morais, correspondentes ao passado, ao presente e ao futuro, pretendendo esses três grupos dominar, concorrente e simultaneamente. Qual delas é a verdadeira? Em sentido absoluto e definitivo, nenhuma; mas, evidentemente, a que contém mais garantias de permanência é a moral que, no presente, representa a destruição do presente, o futuro, ou seja, a moral proletária.
Assim, verificando que as três classes que constituem a sociedade moderna, que são a aristocracia feudal, a burguesia e o proletariado, possuem cada uma a sua moral particular, teremos, necessariamente, de concluir, que os homens, consciente ou inconscientemente, fazem derivar suas idéias morais, em última análise, das condições práticas em que se baseia a sua situação de classe, ou seja, das condições econômicas em que produzem e trocam os seus produtos.
Existe, porventura, algum elemento comum às três teorias morais mencionadas, um só elemento que seja que possamos acatar como verdade perene e definitiva? Essas três teorias morais representam outras tantas etapas distintas de um mesmo processo histórico, e por isso têm um fundo histórico comum, o que faz com que forçosamente elas contenham toda uma série de elementos comuns. E não é só. Em fases idênticas ou aproximadamente equivalentes de desenvolvimento econômico, as teorias morais devem necessariamente coincidir, numa extensão maior ou menor. Ao surgir a propriedade privada sobre as coisas móveis, impôs-se, necessariamente, em todas as sociedades nas quais existe essa instituição, um preceito de moral, comum a todas elas: "Não roubarás". Transformou-se este preceito, por esse simples fato, numa norma eterna de moral? Não. Numa sociedade em que tivessem desaparecido os móveis do roubo, na qual, portanto, de um modo geral, somente poderia roubar uma pessoa anormal, o pregador de moral que subisse ao púlpito para proclamar solenemente a verdade eterna do "não roubarás", seria vitima de zombaria generalizada.
Não estamos dispostos, pois, a deixar que nos imponham como lei eterna, definitiva e imutável, um qualquer dogma de moral, sob o pretexto de que também o mundo moral tem os seus princípios permanentes, que se colocam acima da história e das diferenças existentes entre os povos. Pelo contrário, afirmamos que, até hoje, todas as teorias morais foram, em última instância, produtos da situação econômica das sociedades em que foram formuladas. E, como até o dia de hoje a sociedade se desenvolveu sempre por antagonismos de classe, a moral foi também sempre e forçosamente, uma moral de classe; em alguns casos, construída para justificar a hegemonia e os interesses da classe dominante, em outros, quando a classe oprimida se torna bastante poderosa para rebelar-se contra a classe opressora, a moral é construída para defender e legitimar a rebelião e os interesses do futuro em geral, e da classe oprimida, em particular. Que esta evolução se processa sempre, em largos traços, da mesma forma no campo da moral como no dos demais ramos do conhecimento humano e sempre num sentido de progresso, é o que nos parece indubitável. Mas, apesar de todos os progressos, não se encontrou ainda nenhum modo de fugir da moral de classe. Para se chegar à conquista de uma moral realmente humana, subtraída a todos os antagonismos de classes ou mesmo à sua recordação, teremos, antes, que alcançar um tipo de sociedade na qual não somente se tenha abolido o antagonismo das classes mas também tenha sido esse antagonismo, além de abolido, esquecido e afastado das práticas da vida.”
(Trecho extraído do livro: “Anti-During” de F. Engels) 

1 ano: glossário do texto de apoio 1 bimestre

Glossário do texto:  A Concepção Marxista da História



Marx, Karl: (Tréveris5 de maio de 1818 - Londres14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economistafilósofohistoriadorteórico político e jornalista. O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como FilosofiaHistóriaDireitoSociologiaLiteraturaPedagogia, Ciência política, AntropologiaBiologiaPsicologiaEconomiaTeologiaComunicaçãoAdministraçãoDesign
ArquiteturaGeografia e outras. Em uma pesquisa realizada pela Radio 4, da BBC, em 2005, foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.

Concepção: Faculdade de compreender as coisas

relações jurídicas: é uma relação social regulada pelo direito tipificada por norma jurídica (leis do estado).

sociedade civil: Esfera dos indivíduos que estão inseridos no mercado de trabalho.

filósofos idealistas: Tendência filosófica que reduz toda a existência ao pensamento.

economia política: é a ciência que estuda as relações sociais e trata das leis que regem a produção, circulação e consumo das mercadorias.

relações de produção: são as formas como os seres humanos desenvolvem suas relações de trabalho e distribuição no processo de produção e reprodução da vida material.

forças produtivas: são as habilidades, técnicas, tecnologias, instrumentos que o homem possui para dominar a natureza, ter controle sob as condições naturais. Dispondo desses elementos é necessário que o homem se organize socialmente para produzir. 



estrutura econômica: Conjunto das relações de produção de uma sociedade.


superestrutura: compreende a estrutura jurídica (o Direito e o Estado) e a ideologia (moralpolíticareligião etc.). Que surgem derivadas da estrutura da sociedade.

modo de produção: é a forma de organização socioeconômica associada a uma determinada etapa de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção.

subverte: causa um efeito modificador.

provido: possui

Darwin: (Shrewsbury12 de Fevereiro de 1809 — DowneKent19 de Abril de 1882) foi um naturalista britânicoque alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual

Cessa: Acaba.

Amiúde: frequentemente.

Flotilha: pequeno grupo.

1 ano: texto de apoio 1 bimestre

A Concepção Marxista da História - G. V. Plekhanov – 1901

Direitos de Reprodução: Marxists Internet Archive (marxists.org), 2005. A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

No prefácio de uma de suas obras, Critica da Economia Política, Marx dá conta de como seus estudos o levaram a elaborar sua concepção da história: "Minhas. pesquisas conduziram a este resultado: que as relações jurídicas, bem como as formas do Estado, não podem ser compreendidas por si próprias, nem pela pretensa evolução geral do espírito humano, mas, ao contrário, deitam suas raízes nas condições materiais de existência, cujo conjunto Hegel, a exemplo dos ingleses e franceses do século XVIII, compreende sob o nome de "sociedade civil"[1].
Como vêdes, é o mesmo resultado para o qual assistimos concorrerem os historiadores, sociólogos e críticos franceses, do mesmo modo que os filósofos idealistas alemães. Todavia, Marx vai mais longe. Pergunta quais são as causas determinantes da sociedade civil e responde que é na economia política que devemos buscar a anatomia da sociedade civil. Assim é o estado econômico de um povo que determina seu estado social, e o estado social de um povo determina, por sua vez, seu estado político, religioso e assim sucessivamente. Mas, perguntareis, o estado econômico não tem causa, por sua vez? Sem dúvida, como todas as coisas do mundo, tem sua causa, e esta causa, causa fundamental de toda evolução social e, portanto, de todo movimento histórico, é a luta que o homem trava com a natureza para assegurar sua própria existência.
Desejo ler-vos o que Marx diz a respeito:
"Na produção social de sua existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes de sua vontade, relações de produção que correspondem a um dado grau de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que lhes determina o ser; ao contrário, seu ser social determina sua consciência. Em um certo estado de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes, ou, o que não é mais que a expressão jurídica disso, com as relações de propriedade no seio das quais se haviam movido até então. De formas de desenvolvimento das forças produtivas que eram, estas relações transformam-se em seus entraves. Abre-se então uma época de revolução social. A mudança na base econômica subverte mais ou menos lentamente, mais ou menos rapidamente toda a enorme superestrutura. Quando consideramos tais subversões, é preciso distinguir sempre a revolução material que pode ser constatada de modo cientificamente rigoroso — das condições de produção econômica e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em suma, as formas ideológicas sob as quais os homens tomam consciência deste conflito e o levam até o fim. Da mesma maneira que não se julga um indivíduo pela idéia que ele faz de si próprio não se deve julgar tal época de subversão por sua consciência de si mesma; ao contrário, é preciso explicar esta consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produtivas sociais e as relações de produção. Uma formação social só desaparece depois de se terem desenvolvido todas as forças produtivas que ela pode conter jamais novas e superiores relações de produção a substituem antes que as condições materiais de existência destas relações tenham eclodido no próprio seio da velha sociedade. Eis porque a humanidade não formula jamais senão problemas que pode resolver, porque, se olharmos mais de perto, vemos sempre que o próprio problema só surge onde as condições materiais para resolvê-lo existem ou, pelo menos, estão em vias de aparecer."
Compreendo que esta linguagem, por mais clara e precisa que seja, pode parecer bastante obscura. Por isso apresso-me a comentar o pensamento fundamental da concepção materialista da História.
A idéia fundamental de Marx se reduz ao seguinte: As relações de produção determinam todas as outras relações que existem entre os homens na sua vida social. As relações de produção são determinadas, por sua vez, pelo estado das forças produtivas.
Mas, que são forças produtivas?
Como todos os animais, o homem é obrigado a lutar por sua existência. Toda luta supõe um certo desgaste de forças. O estado das forças determina o resultado da luta. Entre os animais, estas forças dependem da própria estrutura do organismo: as forças de um cavalo selvagem são bem diferentes das de um leão, e a razão desta diferença reside na diversidade da organização. A organização física do homem tem naturalmente influência decisiva sobre sua maneira de lutar pela existência e sobre os resultados desta luta. Assim como, por exemplo, o homem é provido de mãos. Certo é que seus vizinhos, os quadrúmanos (os macacos) também têm mãos; mas as mãos dos quadrúmanos são menos perfeitamente adaptadas a diversos trabalhos. A mão é o primeiro instrumento de que se vale o homem na luta pela sua existência, como ensinou Darwin.
A mão, com o braço, é o primeiro instrumento, a primeira ferramenta de que se serve o homem. Os músculos do braço são a força que golpeia ou lança. Mas, pouco a pouco a máquina se exterioriza. A pedra servira primeiro por seu peso, por sua massa. Depois esta massa é fixada a um cabo, e temos o machado, o martelo. A mão, o primeiro instrumento do homem, lhe serve assim para produzir outros instrumentos, para modelar a matéria na luta do homem com a natureza, isto é, contra o resto da matéria independente.
E quanto mais se aperfeiçoa esta matéria escravizada, tanto mais se estende o uso das ferramentas, dos instrumentos, e tanto mais aumenta também a força do homem frente à natureza, tanto mais aumenta seu poder sobre a natureza. Já se definiu o homem como um animal que fabrica ferramentas. Esta definição é mais profunda do que se pode pensar à primeira vista. De fato, a partir do momento em que o homem adquiriu a faculdade de escravizar e modelar uma parte da matéria para lutar contra o resto da matéria, a seleção natural e as outras causas análogas deveram exercer influência bastante secundária sobre as modificações corporais do homem.
Já não são seus órgãos que se modificam, são suas ferramentas e as coisas que adapta para seu uso com a ajuda de suas ferramentas: não é sua pele que se transforma com a mudança de clima, é seu vestuário. A transformação corporal do homem cessa (ou se torna insignificante) para ceder lugar a sua evolução técnica: e a evolução técnica é a evolução das forças produtivas; e a evolução das forças produtivas tem influência decisiva sobre o agrupamento dos homens, sobre o estado de sua cultura. A ciência de nossos dias distingue muitos tipos de sociedade: 1) o tipo caçador; 2) o tipo pastoril; 3) o tipo agricultor sedentário; 4) o tipo industrial e comercial. Cada um destes tipos de sociedade é caracterizado por certas relações entre os homens, relações que não dependem de sua vontade e que são determinadas pelo estado das forças produtivas.
Assim, tomemos como exemplo as relações de propriedade. O regime de propriedade depende do modo de produção, porque a repartição e o consumo das riquezas estão estreitamente ligados ao modo de adquiri-las. Os povos caçadores primitivos são obrigados, amiúde, a unir-se em grandes grupos para procurar a caça maior; os australianos, por exemplo, caçam o canguru em bandos de muitas centenas de indivíduos; os esquimós reúnem toda uma flotilha de botes para a pesca da baleia. Os cangurus capturados, as baleias arrastadas para a margem são considerados propriedade comum; cada qual come segundo seu apetite. O território de cada tribo, tanto entre os australianos como entre os povos caçadores, é considerado propriedade coletiva; cada qual caça a seu modo, com a única limitação de não penetrar no território das tribos vizinhas.
No entanto, em meio a esta propriedade comum, certos objetos servem unicamente ao indivíduo: suas vestimentas, suas armas são consideradas propriedade individual, ao passo que a cabana e seu mobiliário são da família. Do mesmo modo, o bote utilizado por grupos de cinco ou seis homens, pertencem em comum a estas pessoas. O que decide da propriedade é o modo de trabalhar, o modo de produção.
Talhei um machado de sílex com minhas mãos, é meu; com minha mulher e meus filhos construí urna choça, é de minha família; cacei com gente de minha tribo, as feras derribadas são propriedade comum. Os animais que matei sozinho no terreno da tribo são meus; e se por acaso o animal ferido por mim é morto por outro, pertence aos dois e a pele cabe a quem lhe deu o golpe de graça. Com esta finalidade cada flecha traz o sinal do proprietário.
Coisa verdadeiramente notável; entre os peles vermelhas da América do Norte, antes da introdução das armas de fogo, a caça do bisão era rigorosamente regulamentada; se haviam penetrado muitas flechas no corpo do bisão, a posição delas decidia a quem pertencia esta ou aquela parte do animal abatido; a pele competia àquele cuja flecha penetrara mais perto do coração. Mas, depois da introdução das armas de fogo, como as balas não traziam sinais distintos, a repartição dos bisões derrubados se fazia em partes iguais; são portanto considerados propriedade comum. Este exemplo mostra à evidência a conexão estreita que existe entre a produção e o regime de propriedade.
Desse modo, as relações entre os homens durante o processo de produção decidem das relações de propriedade, do estado da propriedade. Todavia, uma vez dado o estado de propriedade, é fácil compreender a constituição social, porque esta é modelada sobre a base da propriedade. É por isso que a teoria de Marx resolve a problema que não podiam resolver os historiadores e filósofos da primeira metade do século XIX.


[1] Contribuição à Crítica da Economia Política, de KarI Marx, tradução francesa de Lêon Rémy, págs. III-IV.